Cascalho pelo Mundo

Bem-vindo a bordo!

Cascalho around the world

welcome to our World!

Cascalho pelo Mundo

Bem-vindo a bordo!

Cascalho pelo Mundo

Bem-vindo a bordo!

Cascalho around the World

The best blue!

Bem-vindo a bordo do Cascalho pelo Mundo

Foi logo que começamos a namorar... queríamos viver a vida mais intensamente e dar asas a uma paixão comum: viajar e conhecer os quatro cantos do mundo. E decidimos que faríamos isso a bordo de um veleiro e, mais ainda, que buscaríamos este veleiro na Itália. Com 600 euros no bolso, partimos. Durante muitos anos na Itália, trabalhamos para juntar dinheiro e depois, começamos a procurar o barco que viria a ser a nossa casa... quando encontramos o Cascalho, não tivemos dúvidas... era ele !!! Tínhamos encontrado a nossa casa. Não precisávamos mais sonhar esta parte. A partir daí, foi só viver o sonho, dar ao nosso barco-casa a nossa cara e com ele viver a vela pelos quatro cantos do mundo. Exatamente como tínhamos sonhado...

Por onde temos andado... As Ilhas do Caribe.

Mapa das Ilhas do Caribe.
Grenada, a ilha da noz-moscada.
Sandy Island, em Carriacou.
A piscina de tubarões lixa, em Clifton-Union Island.
Happy Island.
Tranquilidade, em Tobago Cays.
Salt Whistle Bay, em Mayreau.
Em Canouan.
O artesanato de Bequia.
Jack Sparrow, em Wallilabou, St Vincent.
Os Pitons, em St Lucia.
Carnaval na Martinica.
The Saintes.
Deshaies, em Guadaloupe.
Deep Bay, em Antigua.
O Porto de Gustávia, em St Barts.
Having fun em Sint Maarten.
Sandy Island, agora em Anguilla.
Ancoragem tranquila em Anguilla.
Valente Cascalho singrando mares !!!

Você consegue lembrar de como se sente nos dias que antecedem a sua viagem de férias? Você muitas vezes não sabe exatamente o que vai encontrar mas, sabe que vai ser deslumbrante. Nós estamos vivendo o sonho da nossa vida. Uma vida de aventuras e descobertas. Antes de chegar aqui, sabíamos de ouvir falar e contar, que o Caribe era feito de água turquesa cristalina e muitos corais e peixes no fundo do mar, esperando para serem explorados, ilhas e ilhas repletas de palmeiras e areias branquinhas ou nem tanto, música, música e mais música em todos os lugares, a cultura rica e fascinante do mundo rasta, muita história e muita natureza para serem desbravadas. Não víamos a hora de chegar aqui e explorar tudo aquilo que os nossos corações desejavam e que este pedacinho do mundo tinha para nos oferecer. Quando aqui chegamos, ficamos deslumbrados. Tudo era muito mais do que tínhamos sonhado: mais lindo, mais azul, mais verde, mais vida, mais cores, mais música...

Acordamos todos os dias e continuamos sonhando. E, pelo andar das coisas, acordaremos e continuaremos sonhando por muitos mais dias, semanas, meses ou talvez até anos, até conseguir saciar a nossa vontade de viver estas ilhas.

As Ilhas do Caribe, se espalham desde a costa da América do Sul, na altura da Venezuela, até a Flórida, formando um grande arco como se fossem pedras colocadas propositalmente de modo a formar uma escada para gigantes. Do lado leste, o vento sopra forte: são os alíseos que vem do Oceano Atlântico. No lado oeste das ilhas, protegido dos fortes ventos, está o bem mais calmo Mar do Caribe e o sol brilhando em quase todos os dias do ano. Dizem que são mais de sete mil ilhas. Nestes seis meses, velejamos norte e sul, várias vezes, explorando as Ilhas de Barlavento e de Sotavento, no sul desta imensa cadeia. Bem longe de chegar à Flórida e muito mais longe ainda de conhecer todas elas. Quantas ilhas visitamos? Vamos ver se ao final deste relato seremos capazes de responder! 

Fizemos das Ilhas de Sotavento e de Barlavento o quintal da nossa casa e nos familiarizamos com elas. 

As Ilhas de Barlavento, ou seja, as que estão colocadas do lado em que sopra o vento, incluem Grenada, St Vincent e as Grenadinas, St Lucia e a Martinica, quatro diferentes países. Três deles independentes, com tradições inglesas e, apenas a Martinica, um pedacinho além mar da França. Enquanto aqui se fala francês e a moeda é o Euro, nos outros três países se fala inglês e a moeda é o EC, dólares do Caribe Ocidental. Já a vários anos, a cotação é 1 dólar americano valendo 2,67 dólares do Caribe Ocidental. 

Partindo do sul, depois de Trinidad e Tobago, o seguinte país é Grenada, famoso no mundo inteiro pela cultura da noz-moscada. Composto por três ilhas principais: Grenada (a principal e maior), Carriacou (a ilha cercada de corais) e Petit Martinique (uma pacata ilha de pescadores), mas ao redor delas, dezenas de outras pequenas ilhas que oferecem ancoragens e paisagens de perder o fôlego, como as pequenas Saline Island e Sandy Island.

Depois vêm St Vincent e as Grenadinas. Onde está o Sofriere, um vulcão gigante e amedrontador, cuja cratera está sempre envolta em nuvens, fato que contribui para deixá-lo ainda mais assombroso e, Wallilabou, uma tranquila baía que se tornou muito famosa por ter sido locação do filme Piratas do Caribe. Espalhadas entre a ilha de St Vincent e Grenada, estão as Grenadinas, que fazem parte de St Vincent, um conjunto de ilhas menores, algumas com montanhas muito altas e outras formadas por não mais do que um amontoado de areia presa entre corais. É o caso do pequeno arquipélago de Tobago Cays, composto por cinco pequenas ilhas, com praias perfeitas de areia branca águas cristalinas, arrecifes muitos coloridos e muita vida marinha. As principais ilhas das Grenadinas são: Petit St Vincent, Union Island, Palm Island, Mayreau, Tobago Cays, Canouan, Bequia e a elegantíssima Mustique. Aqui também, dezenas de pequenas ilhas espalham-se ao redor das principais e são, nada mais nada menos do que puro encanto. É o caso de Mopion Island e Happy Island.

Ao norte de St Vincent, está St Lucia, montanhosa, com seu vulcão ainda ativo exalando um pesado cheiro de enxofre, e muitas, muitas atrações naturais, dentre elas os Pitons, o Gros Piton e o Petit Piton, com mais de 700 metros de altura, dois maravilhosos picos vulcânicos que dominam a paisagem sudoeste da ilha.

Por último, fechando a cadeia das Ilhas de Barlavento pelo norte, está a Martinica, a maior de todas elas, chamada pelos Índios Caraíbas de Madinina, a ilha das flores. É a terra da cerveja Lorraine e das deliciosas baguetes e croissants franceses. O carnaval aqui foi uma delícia.

As Ilhas de Sotavento, as que estão do lado oposto do qual o vento sopra, incluem dez ilhas principais, além de dezenas e dezenas de outras pequenas ilhas, espalhadas por mais de 200 milhas, que fazem parte de diferentes nações: algumas francesas, outras holandesas e outras independentes com tradições inglesas. Por aqui, três línguas (francês, inglês e holandês) são oficiais e, três diferentes moedas: euro, dólares americanos e dólares do Caribe Ocidental. Como num grande shopping center, podemos encontrar de tudo, desde história acima e abaixo da superfície tanto do mar quanto da terra, os maiores e a maior concentração de embarcações do mundo, excelente vida noturna, cassinos e lojas de grife, inclusive duty free, espalhadas pelas ruas da holandesa Sint Maarten, todo o glamour de St Barts, assim como praias desertas e outras áreas onde você é o único ser humano presente, e nos fazem sentir exatamente no fim ou, pelos contrastes, do outro lado mundo.

Podemos dividí-las em três diferentes grupos: as Ilhas das Montanhas e dos Mangues, que se estendem desde a Dominica até Barbuda, incluindo Marie Galante, The Saintes, Guadaloupe e Antigua. As Ilhas da Renascença, compostas por St Martin e Sint Maarten, St Barts e Anguilla, uma das maiores bases para super embarcações no Caribe e, finalmente, as Ilhas que Escovam as Nuvens, que estão na ponta norte da cadeia vulcânica que começa em Grenada, e tem como característica serem pequenas, montanhosas, com vulcões ativos e rodeadas por águas profundas. São as ilhas de Montserrat, onde está o vulcão mais ativo do Caribe, St Kitts e Nevis, Statia e Saba. 

Tem diversão e atração para todos os gostos. Tanto na terra quanto no mar. Tanto navegando quanto ancorados! Nas próximas postagens, visitaremos cada uma e navegaremos entre cada uma destas ilhas...

6 meses pelos Mares do Caribe... e, de volta a Grenada onde tudo começou!

Vista aérea da Prickly Bay.
Prickly Bay Marina.
Prickly Bay Marina.
Voltando pra casa !!!
O clássico e o moderno! Baía cheia.
Congestionamento no dinghy dock.
Um dos espetáculos de cada dia...
Depois da chuva...
Água doce!

12 de junho de 2014 - quinta feira
Latitude 12°00'0.582"N e Longitude 061°45'41"W
13:15h

Depois destes poucos meses navegando pelo Caribe, não poderíamos estar mais felizes. E, coincidência ou não, exatamente 6 meses depois, jogamos âncora no primeiro waypoint destas ilhas, como se aquele cantinho estivesse reservado para nós. Velejamos muito, conhecemos muitas ilhas, pessoas e culturas diferentes e recebemos muitos brasileiros a bordo, familiares, amigos e até desconhecidos que se tornaram nossos amigos antes mesmo de embarcarem. Todos, sem exceção, nos ajudaram a matar um pouquinho da saudade que sentimos de casa.

Mas afinal, onde é a "nossa casa"?

Ter voltado para Grenada, foi como saudar um velho e adorado amigo. Algumas poucas coisas mudaram e, para melhor. Agora podemos comprar pão fresquinho todas as manhãs na Prickly Bay Marina, recém saído do forno e, saboreá-lo no café da manhã. Antes não tinha. Entretanto, a maioria das coisas continua exatamente igual: ao chegar, fomos imediatamente reconhecidos pelo pessoal da marina, do restaurante e do bar, assim como por alguns velejadores que fizeram da Prickly Bay a sua casa, ou estão aqui apenas para passar a temporada dos furacões, como nós. As ruas continuam com as mesmas curvas, o reggae music continua enchendo os ouvidos por ser muito bom e também por ser tocado muito alto. A comida continua apimentada e com um sabor forte de curry. Os constantes ventos alíseos continuam soprando, ora com maior ora com menor intensidade, e o sol continua brilhando, incansável, mantendo a nossa pele com um dourado surpreendente. Nossos pés estão mais do que acostumados a nada além das havaianas, é claro. E, dizer "bom dia, boa tarde  e boa noite" para todos, sem exceção, com os quais cruzamos nas ruas é mais do que normal. Acima de tudo, nos vemos perfeitamente integrados ao "island time", onde tudo acontece devagar, preenchendo os nossos dias.. Ah, e o rum continua delicioso, o antigripal favorito do capitão.

Acho que me perdi... onde afinal é a"nossa casa"?

Hoje, o barco é a nossa casa. E ele tem bandeira italiana, porque o compramos na Itália e, a lei brasileira não nos permite dar a nossa casa, a nossa nacionalidade. Então, a casa do nosso barco é a Itália. No alto do mastro, a boreste, flamula hoje a bandeira de Grenada, uma cortesia ao país que nos permite navegar em suas águas. E, a bombordo, a nossa bandeira, a bandeira dos tripulantes do Cascalho, a brasileira. A nossa casa... Dá para entender o tamanho da confusão?

Para nós, "casa" tem um conceito muito abstrato e vai muito além do espaço físico. Nossa família e nossos amigos de sempre, continuam no Brasil. E hoje, temos amigos espalhados por diversos cantos do mundo. Nosso coração está com eles. Quanto ao Cascalho, já proporcionamos a ele e ele a nós, muitas emoções neste um ano e meio de aventuras. Ele continua italiano e nós, continuamos brasileiros. Hoje estamos em Grenada, felizes no nosso atual endereço. 

Chegamos então a conclusão de que "casa" é, na verdade onde o nosso coração está. Desta forma, estamos sempre perto das pessoas que amamos, mesmo estando distantes. O Cascalho, sedento que estava por navegar novas águas, já não se importa mais com a questão. E, que o legal de andar por aí em um barco a vela, de ilha em ilha, é que vamos fazendo de cada uma delas a "nossa casa" e, espalhando pelo mundo pedacinhos do nosso coração.